Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra.

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domingo, 28 de agosto de 2011


Campeões do Freio de Ouro          O primeiro esboço do que hoje é o Freio de Ouro, que chega à sua 30ª edição em 2011, ocorreu no ano de 1977, na 1ª Exposição Funcional de Jaguarão, uma mostra modesta, mais ou menos improvisada, com um número reduzido de participantes. Naquele momento, os criadores de cavalos crioulos verificaram que o desenvolvimento da raça passava pela promoção de provas funcionais. Até então, demonstrações desse tipo não faziam parte do calendário oficial da raça, existindo apenas julgamentos morfológicos.

Em 1980, a 3ª Funcional conseguiu atrair a atenção do país inteiro, sendo visitada pelo então presidente da República, general João Batista Figueiredo, um aficionado por cavalos. No ano do cinqüentenário da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), em 1982, foi oficializada a prova campeira que seria realizada anualmente durante a Expointer, grande feira agropecuária do Sul do país.

O Freio de Ouro foi inspirado nas exposições funcionais de Jaguarão, que passou a ser uma etapa classificatória, assim como Pelotas e Bagé. No ano seguinte, Uruguaiana também integrou essa lista.

No primeiro ano de disputa, participaram 12 animais, competindo sem distinção de gênero. O primeiro campeão foi Itaí Tupambaé, filho de La Invernada Hornero (consagrado reprodutor da raça) e Preciosa dos Cinco Salsos, do criador Oswaldo Pons, um histórico crioulista. A partir daí, firmava-se o Freio de Ouro como o grande acontecimento da maior raça de equinos do Rio Grande do Sul.

Em 1983, a prova do Freio de Ouro foi batizada com o nome de Roberto Bastos Tellechea, uma homenagem póstuma a esse incentivador da raça crioula. Em 1990, houve uma grande perda com o falecimento do veterinário Flávio Bastos Tellechea. Em reconhecimento, a prova Freio de Ouro leva o nome dos dois irmãos.

Os animais competiram sem distinção de gênero até 1993, quando ocorreu a divisão de machos e fêmeas em competições separadas. A primeira grande campeã foi a égua Gaita do Mata-Olho, montada por Clair Odilon, de propriedade da Cabanha uruguaianense Posto Branco.

Até hoje, ocorrem mudanças na competição devido ao avanço da raça e de seus adeptos. O que antes era somente quatro etapas classificatórias e uma final transformou-se em cerca de 70 etapas credenciadoras, sete classificatórias no Rio Grande do Sul, três fora do Estado (Santa Catarina, Paraná e Brasília) e duas internacionais (Uruguai e Argentina), além da grande final em Esteio. Para 2012, está previsto o ingresso do Chile no Freio de Ouro.

sábado, 27 de agosto de 2011



Em mais um Freio de Ouro
Joca Martins


Vai pelas credenciadoras nesse campeiro ritual
O pingo bueno de rédeas mas que depende da média
Pra ir pra semifinal

Assim a morfologia tem seu papel essencial
Porque o cavalo perfeito deve ser ainda bem feito
Dentro do "standard" racial

Na andadura chega ao tranco, troteia pra o povo ver
E num galope que avança até parece que dança
No embalo de um chamamé

Vem a prova de figura, os giros e as esbarradas
Duas provas de mangueira Bayard/Sarmento e as ligeiras
Emoções das paleteadas

E assim, cortando as estradas nessa corrida do freio
Em diferentes paisagens vai se fazendo a triagem
Dos pingos que vão pra Esteio

Herdeiros da estirpe guapa, titãs de crina e de couro
Vão entre poeira e fumaça fazendo a história da raça
Em mais um freio de ouro

Um cavalo e uma égua somente eles terão
Numa disputa acirrada a posição cobiçada
De ser o novo campeão

Mas todo o ano o crioulo, esse terrunho tesouro
Mostra a verdade exitosa, a raça sai vitoriosa
Em mais um freio de ouro!
Pra o Índio que Gineteia
César Oliveira


Quando me salta um floreio de milonga pela boca
Me dá uma vontade louca de atorar a guitarra ao meio
Sou um homem dos arreios, conheço parada feia
Pois trago dentro das veias minha estampa palanqueada
E esta cantiga aporreada pra um índio que gineteia

Ginetear é uma vocação que o índio já traz de berço
Onde aprende a rezar o terço desta xucra religião
Pois quem traz no coração tropilhas de mau costeados
Crinudos e descrinados "maulas" da marca borrada
São mestres nas gineteadas entre potros e aporreados

O mundo troca de ponta e a vida toreia a morte
porque o destino e a sorte de gineteadas nos contam
De baguais que se desmontam no meio da polvadeira
Treme o chão da fronteira quando um paysano se atora
Amarrando um par de esporas num par de botas potreiras

Quem tem alma de palanque conhece a força do lombo
Mas não se entrega num tombo se algum corcóvo lhe arranque
Porque a volta do rebenque num floreio rasga o vento
A coragem é um sentimento que fez do taura um sulino
Esporeador dos malinos que sentem cosca do tento

Pra um índio que gineteia este cantar é um regalo
Pois quando empeço a cantá-lo o meu sangue corcoveia
Uma ânsia se boleia inté parece feitiço
Pois me agrada um reboliço que se apronta mano a mano
Com as garras de algum paisano e os ferros de um fronteiriço.
  A uma Tropilha Veiaca
   César Oliveira

  Inté parece que o chão vem se abrindo aos   poucos quando esses loucos se entropilham na   invernada
  E vem roncando marcando a casco este   pampa mostrando a estampa topete e cola   aparada
  Zainos, tordilhos, gateados baios e mouros   pingos de estouro que se aporrearam por malos
  Negando o estribo ao índio que joga a sorte de encontra a morte no lombo desses cavalos
  É das baguala esta tropilha que eu canto e lhes garanto não hay eguada mais dura
Um querosena da marca de Dom Reinaldo deixa arrepiada a mais taura das criaturas
(Quem tem coragem força na perna e destreza sente firmeza quando um sotreta se atora
Porque um veiaco da tropilha da floresta enruga a testa no guasca que calça a espora)
Esta tropilha é conhecida por veiaca pra maritacas e rebenques não se entrega
De ponta a ponta cruza o meu pago sagrado com o lombo arcado dando coice nas macegas
Eguedo quebra se entona soprando as ventas porque sustenta mil marcas entreveradas
Pois o destino do flete que não se amansa deixa lembranças numa tropilha aporreada
Pingos de fama Pato Preto e Chacarera Moura, Cruzeira, Reboldosa e Temporal
São entre outros malevas que escondem o rastro em pêlo e basto seja argentino ou oriental
Por isso aonde um cincerro bater mais forte e o vento norte assoviar junto das frestas
Andarão soltos na fumaça do entrevero os caborteiros da tropilha da floresta
Andarão soltos na fumaça do entrevero os caborteiros da tropilha da floresta

Rio Grande do Sul
Jurema Chaves

Pra ser gaúcho não precisa
Ter nascido aqui no sul,
Basta amar o céu azul
E gostar do mate amargo;
Caricias do minuano,
Que nos vem fazer afagos,
Esse vento nativo
Que faz parte deste pago.

Ser gaúcho, meus senhores,
É trazer dentro do peito,
Com todo amor e respeito,
A gloriosa tradição;
Usar vestido de chita,
Dançar xote e chamarrita
Nos fandangos de galpão.

É trazer no coração
Um Rio Grande, assim, pequeno,
Molhado pelo sereno
No frescor da madrugada;
É gostar da gauchada,
É amar o João Barreiro;
E ter a simplicidade
Desse povo hospitaleiro.

Amar o cheiro da terra,
Misto de agreste e selvagem;
É o gado nas pastagens
Para enfeitar as Campinas;
São as águas cristalinas,
Numa incansável viagem,
Indo ao encontro do mar
Levando doce mensagem.

É o grito do Quero–quero,
Autêntico sentinela;
É o barulho da cancela,
Do peão voltando pra estância;
É ter no peito essa ânsia
De vida, paz e esplendor;
É cantar todo o encanto
De um pago, feito de amor!

  Cavalo Crioulo
    Luiz Carlos Borges
   O pampa americano era de ninguém
   Um continente à espera de seu senhor
   Quando aportou a nau que vinha do além
   Trazendo o europeu colonizador
   Que pra tomar a terra como um tropel
   Se armou da valentia de4 seu corcel
   E este cavalo ibérico ao fim se alçou
   E o pampa recriou
Então a seleção se fez natural
Sobreviveno apenas quem se moldou
Ao ambiente agreste que era bagual
E assim foi que o crioulo se aquerenciou
E se tornou nativo desse rincão
Como um diamante sem a lapidação
Pro tino do campeiro selecionar
Trabalho secular
Cavalo é crioulo porque é o padrão
"Del gaucho" e dos gaúchos mais atuais
Um sonho que se cria cada vez mais
No fundo da invernada do coração
No lombo de um gateado me sinto um rei
E o mundo todo gira na minha lei
Pois com o pé no estrivo, a rédea na mão
A alma sai do chão
Vieram então as marchas pra comprovar
Toda uma resistência que é sem igual
E a exposição do freio pra consagrar
Um biotipo lindo e mais funcional
E o mundo do campeiro testemunhou
Um pingo que montado se agigantou
E além de dar serviço passou a ser
De esporte e de lazer
Cavalo que anda pronto pra um desafio
Que na arrancada junta o zebu gavião
Que num giro de patas faz currupio
Que na esbarrada espalha a cola no chão
A história de amor que não tem mais fim
É a história do crioulo viva paixão
Um sonho pela rédea o cavalo enfim
Do peão e do patrão!
Gaúcho Farrapo
Adenir Paz da Silva


Sou feliz, nasci Gaúcho
Deus me deu este regalo.
sou briguento que nem galo
peleando no rinhedeiro.
sou pachola, sou faceiro.
sou bagual não tenho encilha,
sou livre, sou farroupilha.
pra lutar fui um guerreiro.


Sou xucro, criado guaxo.
falquejado em coronilha,
fui cincerro de tropilha
de um tempo maula e aragano.
Sou alçado, não tenho dono.
meu andar ninguém maneia,
sou noite de lua cheia
vigiando, não tenho sono.


Meu grito é retumbar de legüero
chamando e atiçando a tropa.
Meu destino é quem galopa
nas patas da evolução,
sou raiz, sou tradição
de um passado de glórias.
fui evolução, sou história
lutando por este chão.


Eu demarquei as fronteiras,
da República a Rio-grandense,
o Rio Grande me pertence,
eu lutei pra este fim.
fui tambor e fui clarim
nos fervores de uma guerra.
Eu sou filho desta terra.
fui farrapo e sou assim